A Seleção Brasileira lançou recentemente seu novo uniforme, e, como sempre, o assunto ganhou os holofotes. No entanto, dessa vez o burburinho vai além do design ou da performance esportiva. A pergunta que tem ecoado nas redes sociais, nos grupos e até em análises especializadas é: será que essa nova camisa representa apenas futebol ou há algo mais por trás disso?
Estamos falando de uma peça de roupa, sim. Mas não qualquer peça. A camisa da Seleção Brasileira sempre carregou um simbolismo muito maior do que o esporte. Ela é um ícone nacional, um elemento emocional, um ativo de marca poderosíssimo — e, mais recentemente, uma ferramenta política.
Do verde e amarelo ao vermelho e azul? O contexto político por trás da camisa
Nos últimos anos, especialmente durante o governo de Jair Bolsonaro, a camisa amarela da Seleção passou a ser utilizada como símbolo de identidade política. Manifestações, comícios e atos públicos promovidos por apoiadores do ex-presidente frequentemente apresentavam uma “onda amarela”, com a camisa da CBF substituindo até mesmo a bandeira do Brasil em muitos casos.
Esse uso repetido transformou o que era um símbolo de união nacional em um marcador ideológico. Para muitos brasileiros, vestir a camisa passou a ser um gesto de apoio a um lado político específico, o que afastou uma parcela da população do uso dessa vestimenta — mesmo em contextos esportivos.
Diante disso, a nova camisa da Seleção — com design atualizado e cores um pouco menos intensas — levanta questionamentos importantes. Será que essa mudança é apenas uma atualização estética e funcional feita pela CBF em conjunto com a fornecedora de material esportivo? Ou há uma estratégia mais profunda por trás disso?
Uma jogada de marketing político disfarçada?
É preciso destacar que não há nenhuma confirmação oficial de que o governo federal tenha influência direta sobre o design da nova camisa. No entanto, o momento do lançamento e as mudanças visuais não passaram despercebidas. A camisa chega em um momento em que o governo Lula busca, entre outras pautas, resgatar símbolos nacionais que foram, de certa forma, apropriados politicamente.
Para especialistas em branding e posicionamento de marca, essa é uma movimentação clássica: quando um ativo simbólico (como uma camisa ou uma bandeira) se associa a uma narrativa específica, ele perde neutralidade — e para marcas, governos ou instituições que querem se comunicar com todos, neutralidade é poder.
Nesse sentido, reposicionar a camisa da Seleção como um símbolo novamente “do povo” e não de um grupo político específico pode sim ser uma estratégia de marketing institucional — seja da CBF, da fornecedora ou até de agentes políticos interessados em resgatar a identificação emocional com o torcedor médio.
Futebol e política sempre caminharam juntos
Não é a primeira vez que futebol e política se misturam no Brasil — e não será a última. Desde a era Vargas até os tempos atuais, o futebol já foi usado como ferramenta de propaganda, diplomacia, apaziguamento social e até distração em tempos de crise.
O diferencial do momento atual é o grau de polarização. Nunca antes a camisa da Seleção foi tão politizada. E isso exige ações muito bem pensadas por parte de quem cuida dessa marca — seja para mantê-la como símbolo de identidade ou para tentar ressignificá-la e devolver ao povo o seu sentimento original de pertencimento.
E o papel do marketing nisso tudo?
No centro dessa discussão está o marketing. Porque no fim, reposicionar símbolos, trabalhar com percepção de marca e gerar engajamento emocional é exatamente o que o marketing faz. A camisa da Seleção, para além do futebol, é uma ferramenta de influência. Ela carrega memória afetiva, sentimento de orgulho, paixão nacional e — agora — disputa simbólica.
Se houve, de fato, uma intenção de ressignificar o uso da camisa, podemos considerar que foi uma movimentação de marketing institucional brilhante. Afinal, poucas coisas unem mais os brasileiros do que a Seleção — e, reconectar essa imagem com todos os públicos, pode ser uma forma poderosa de neutralizar tensões, gerar engajamento e até mesmo reforçar valores democráticos.
Futbool, marketing ou política? Ou tudo junto?
No fim das contas, a nova camisa pode ser apenas isso: uma nova camisa. Mas no Brasil, nada é “só” futebol. Tudo comunica, tudo representa, tudo se conecta com narrativas maiores.
E quando um símbolo nacional passa a ter múltiplas interpretações, precisamos analisar com cuidado.
Você acha que foi Futbool, Marketing ou Política? Ou tudo junto?